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Ex-ministro da Agricultura do Brasil será indicado para o Nobel da Paz

SÃO PAULO – O Brasil terá um indicado para o Prêmio Nobel da Paz de 2021: Alysson Paolinelli. Com 84 anos, é, desde quando se graduou em engenharia agronômica, em 1959, um entusiasta pelas tecnologias e inovações no campo, passos importantes para o aumento de produtividade e para maior oferta de alimentos.

Paolinelli, além dos muitos anos dedicados ao campo, teve importante participação na política agrícola brasileira. Professor, secretário de Agricultura de Minas Gerais por três vezes, ministro da Agricultura nos anos de 1970 e deputado federal no período da Constituinte, abriu caminho para a saída do Brasil de uma dependência alimentar para a posição de um dos principais exportadores mundiais de alimentos.

Imbatível nas exportações de café há décadas, o país acrescentou também nessa lista de liderança mundial soja, açúcar, suco de laranja, carne bovina, carne de frango e, em alguns anos, como ocorreu em 2019, chegou a liderar as exportações mundiais de milho.

Na maioria desses produtos, quatro décadas atrás o país ainda era dependente de importações para completar o abastecimento interno. O salto para a autossuficiência começa nos anos de 1970, com o desenvolvimento de programas específicos para o aproveitamento dos cerrados.

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Essa revolução agrícola veio com base na ciência, na tecnologia e na inovação, afirmou Paolinelli, em entrevista recente à Folha. Ele criou 26 representações da Embrapa em sua passagem pelo Ministério da Agricultura nas diversas regiões do país.

O avanço da agricultura nas últimas décadas trouxe um alívio para o bolso dos consumidores brasileiros. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), 44% dos gastos mensais dos paulistanos eram com alimentos na década de 1970.

Com oferta maior e variedade de produtos, esse custo caiu para 24,5% atualmente. Ou seja, de cada R$ 100 gastos, R$ 24,5 são com alimentos. Enquanto na década de 1970, o Brasil tinha um déficit comercial na balança de alimentos. Nos anos recentes, sempre fecha o período com saldos próximos de US$ 90 bilhões.

Paolinelli está sendo indicado ao Nobel da Paz não só pela dedicação à agricultura tropical e à consequente segurança alimentar gerada por ela, mas também pela sustentabilidade que essas novas tecnologias trouxeram à produção, segundo os signatários da indicação do ex-ministro ao prêmio.

O ganho de produtividade gerou um efeito “poupa-terra” e uma preservação de biomas. Sem esse avanço da tecnologia e da produtividade, para atingir a produção de 231 milhões de toneladas de grãos, obtida em 2018, o país teria de usar 128 milhões a mais de área cultivável do que utiliza, segundo eles.

O ex-ministro está sendo indicado ao prêmio pela iniciativa de 20 entidades brasileiras, que receberam o apoio de uma centena de organizações, universidades e profissionais de pelo menos 20 países.

Aos 84 anos, olhando para trás, o ex-ministro ainda não está satisfeito com os avanços. Para ele, a agricultura tropical trouxe vantagens comparativas para o país, mas se faz necessário um avanço para a bioeconomia.

Inteligência e estratégias adequadas farão o sistema biológico melhorar em muito a capacidade de competição do país em alimentação e em energias renováveis, afirmou à Folha.

 

Por alysson paolinelli/amazonas atual