A cidade enfrenta desabastecimento de alimentos na zona rural, racionamento de água na própria cidade e hospital com falta de oxigênio para os pacientes
O secretario executivo municipal de Proteção e Defesa Civil de Envira, Antonio Ismael Dutra, declarou nesta terça-feira (13) que “se prepara para o município ficar isolado”. Envira decretou situação de emergência no dia 8 de julho em virtude da seca do rio Tarauacá, que na medição atual está com 3 metros e 48 centímetros. A cidade enfrenta desabastecimento de alimentos na zona rural, racionamento de água na própria cidade e hospital com falta de oxigênio para os pacientes.
Envira está situado no sudoeste do Amazonas próximo a foz do rio Envira, Dutra avaliou que o município vive o pico da seca com um mês de antecipação. “(Ano passado) na segunda quinzena de setembro nós registramos a menor cota”. Ele explicou que os barcos que transportam insumos passam pelo rio Juruparí, que na cota atual está com 81 centímetros. “Nunca tivemos essa cota de 81 centímetros registrada no rio Envira. A gente depende do rio para abastecer o município”, disse.
Segundo ele, a cidade já registra aumento de 25% no valor do gás de cozinha, e escassez de material de construção, além disso o hospital passou um desabastecimento de oxigênio (O). O barco que transporta os balões de oxigiênio sairam há 14 dias da cidade de Feijó, interior do Acre (AC), e não chegou em Envira. “O nosso barco que vem com medicamento e 11 balas de oxigêni fazem 14 dias que saiu de Feijó (AC) e não tem sinal onde esse barco está”, relatou Dutra.
O Governo do Amazonas foi acionado pela Defesa Civil de Envira e por meio de avião encaminhou 12 balas de oxigênio e o secretário informou que aguarda para essa terça-feira (13) chegar mais oito balas. “As balas saem de Envira e vão para Feijó (AC), depois para Rio Branco (AC), recarrega e retorna para Envira. No período normal, acontece no máximo em seis dias, no máximo oito. Hoje estamos com trinta dias e ainda não conseguimos resolver essa situação de mandar e devolver”.
Os envirenses enfrentam racionamento de água. Um dos poços da Cosama municipal secou. “Da rede da Cosama temos seis poços. Cinco em funcionamento reduzido. Porque a vazão não permite que os poços joguem água (com fluxo) normal. Temos mais de 30 poços de moradores, com profundidade de oito a 12 metros, que já secaram. A cidade já vive racionamento. A noite o fornecimento é suspenso e retorna a partir de 7h às 10h e depois das 14h às 19h”.
Zona Rural
Oito comunidades ribeirinhas já estão isoladas que juntas totalizam 88 famílias diretamente afetadas, segundo Dutra.
Dutra se preocupa com o transporte de alimentos até as comunidades ribeirinhas.
A eleição do dia 6 de outubro é outra preocupação do município – que possui 46 zonas eleitorais e 10.237 eleitores, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) – devido à seca dos rios. “Um levantamento do Gabinete de Crise acredita que teremos a maior abstenção da história em Envira. Porque as pessoas não vão vir votar. Não tem urna na área rural. Exemplo, a aldeia Macapá está em isolamento. Temos 509 pessoas que vivem na aldeia. Eu te garanto que 80% da área rural não virão votar”, alertou.
Dutra explicou que famílias se juntam em um único barco para viajar até a sede e exercer o direito a votação.
Ações
O município está em mobilização para atuar nas áreas mais isoladas pela seca. “Estamos mobilizando mais de 70 funcionários públicos entre médicos, enfermeiros, equipe da defesa civil, assistentes sociais e psicólogos para espalhar pela área rural para tentar chegar nessas residências. Houve uma diminuição de medicamento. O Governo mandou há 20 dias uma boa remessa de medicamentos. O nosso ainda não chegou pelo rio. Temos enviado médicos para as áreas rurais próximos, as mais distantes têm que se criar uma logística maior”, declarou.
Dutra ponderou sobre a ajuda enviada ao município.
Além do Governo do Amazonas, a Defesa Civil de Envira deve acionar o Exército Brasileiro (EB) para apoio logístico de envio de cestas básicas para a zona rural via helicóptero. “Vamos acionar o Exército (Brasileiro) na questão da aeronave para justamente chegar com equipe médica e alimentação nessas comunidades mais isoladas. A gente pediu ano passado, no nosso pico em setembro, mas não fomos atendidos. Esperamos que sejamos ouvidos”, finalizou.
Posicionamento
A reportagem solicitou um posicionamento ao Governo do Estado para saber quais ações e medidas serão tomadas a respeito da situação do município de Envira e aguarda posicionamento. A matéria será atualizada assim que nota for encaminhada.
Fonte: Acrítica*