Empresas de fachada instaladas em Manaus, utilizadas para movimentar cifras milionárias e lavar dinheiro do tráfico de drogas, foram alvos de quatro mandados de busca e apreensão durante a operação Custos Fidelis, deflagrada na manhã desta quinta-feira (25/9). Em Tabatinga, na tríplice fronteira, um mandado de prisão também estava em andamento até o fim da manhã.
A ofensiva faz parte de uma ação nacional integrada entre os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) dos Ministérios Públicos de Minas Gerais, Amazonas, Rio de Janeiro e Espírito Santo, com apoio das Polícias Civil e Militar. No total, foram cumpridos 48 mandados de prisão e 84 de busca e apreensão em quatro estados, além do bloqueio judicial de R$ 223,5 milhões em contas e criptoativos – valores que, somados, chegam a R$ 18 bilhões, segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Foram ainda apreendidos oito veículos e determinado o bloqueio de um imóvel de luxo avaliado em R$ 3,9 milhões, localizado na Praia do Patacho (AL).
Estrutura empresarial do crime
As investigações apontam que a Família Teófilo Otoni (FTO), facção mineira ligada ao Comando Vermelho (CV), operava como uma “verdadeira empresa do crime”, com núcleos especializados em logística, finanças e ataques armados.
O grupo mantinha negócios fictícios nos setores de gás, internet, câmbio e, principalmente, no comércio atacadista de pescados, para disfarçar a origem ilícita do dinheiro. Também fazia uso intenso de criptomoedas para dificultar o rastreamento e utilizava a tática do smurfing – pulverização de depósitos em pequenas quantias para dar aparência de legalidade aos valores.
De acordo com as apurações, em menos de um mês a facção movimentou cerca de R$ 8,4 milhões em drogas vindas do Amazonas, adquiridas de fornecedores na Colômbia e Venezuela. Somente em uma semana, relatórios de inteligência financeira identificaram R$ 2,3 milhões em depósitos fragmentados.
*Com informações CM7 BRASIL