A deputada federal Antônia Lúcia (Republicanos-AC) voltou às redes sociais nesta terça-feira (2) para fazer novas denúncias envolvendo o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM). Após expor publicamente uma suposta traição do parlamentar, a deputada agora afirma ter descoberto a existência de 12 “chips fantasmas” registrados no CPF utilizado no cadastro telefônico de seu neto, de 18 anos.
Segundo a parlamentar, durante uma visita a uma empresa de telefonia para esclarecer o desaparecimento da linha telefônica do neto, de 18 anos, ela foi informada de que havia 14 chips vinculados ao CPF utilizado no cadastro, mas apenas dois deles pertenciam à família. Os outros 12 chips, segundo Antônia Lúcia, estavam registrados em nome de uma entidade religiosa associada a Silas Câmara.
Nas redes sociais, ela questionou a finalidade das linhas supostamente mantidas pela instituição: “Estavam bancando 12 chips. Estranho, para qual serviços? Seria mulheres ou cadastro do INSS?”, escreveu, insinuando possível uso indevido em esquemas ligados ao Instituto Nacional do Seguro Social.

Contexto: CPMI do INSS e suspeitas sobre a família Câmara
A declaração ocorre em meio à investigação da CPMI do INSS, instalada após denúncias de fraude em descontos indevidos em benefícios previdenciários.
Documentos apresentados pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL) apontam que a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) efetuou pagamentos à empresa Network, que teriam como destino final familiares de Silas Câmara e empresas ligadas ao grupo. Entre os citados estão:
Jônatas Câmara,
Heber Tavares Câmara,
Milena Câmara, filha do deputado e apontada como advogada da confederação.
A suspeita é de que a entidade tenha sido usada para movimentar recursos provenientes de descontos irregulares nas aposentadorias de pescadores e segurados — parte deles vinculados ao pagamento do seguro-defeso.
Investigações da CGU revelaram que a CBPA, mesmo sem possuir funcionários, apresentou crescimento anormal no número de filiados após firmar convênio com o INSS. Isso levou à Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Durante depoimento à CPMI, o presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira, foi acusado de omitir informações e evitar citar nomes politicamente influentes. Ele acabou preso em flagrante por falso testemunho, por ordem do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Silas Câmara e sua atuação no seguro-defeso
As acusações surgem justamente quando Silas Câmara reforça sua imagem como defensor dos pescadores do Amazonas. Nas redes sociais, o deputado se posicionou firmemente contra o artigo 71 da Medida Provisória 1303/25, que, segundo ele, prejudicaria pescadores ao transferir às prefeituras responsabilidades ligadas ao seguro-defeso.

Em junho, Silas declarou: “Isso não vai prevalecer. Já fiz uma emenda supressiva e serei membro titular da comissão especial que vai analisar a medida provisória. Pescadores do Amazonas, contem comigo. Estarei nessa luta pela permanência do direito dos pescadores e das entidades de pesca.”
A atuação intensa do deputado em defesa das colônias, sindicatos e associações de pesca ocorre no mesmo período em que essas próprias entidades aparecem no centro de denúncias da CPMI do INSS.
Fonte: AM POST.


