Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara dos Deputados em meio à forte articulação de deputados e Governo Federal
Em meio à turbulenta eleição da nova Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, os parlamentares da bancada cearense já definem prioridades a serem discutidas em Brasília. Entre aliados e opositores do novo presidente, Arthur Lira (PP), é unânime a avaliação de que ele terá de pautar a prorrogação do auxílio emergencial e pressionar o Governo Federal por mais vacinas. No núcleo oposicionista, há dúvidas sobre a autonomia do recém-eleito presidente.
Para o deputado federal Pedro Bezerra (PTB), aliado de Lira na disputa, a vitória do novo presidente da Câmara não deve ser atrelada diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“É mérito dele e dos apoios que conseguiu juntar. Muitos, inclusive, me questionam por ser aliado do (governador) Camilo Santana e do (senador) Cid Gomes e ter votado em um candidato do Governo. Minha obrigação em Brasília é conseguir recursos para o Estado. Essa interlocução é fundamental”, defendeu.
Segundo o parlamentar, o Centrão, grupo a que pertence Lira, cria possibilidades de diálogo “fundamentais para o País sair da crise”, segundo ele. A interlocução que terá com a presidência da Câmara, de acordo com o deputado, servirá também para cobrar medidas contra a pandemia.
“Garantir uma quantidade maior de vacinas no menor tempo possível e, aliado a isso, estender o auxílio emergencial pelo menos até junho, porque se mostrou fundamental, como eram os programas de transferência de renda”, disse.
Também aliado de Lira, Capitão Wagner (Pros) avalia que o apoio que concedeu ao então candidato à presidência da Câmara trará benefícios além do acesso à Mesa Diretora
“Vamos participar de relatorias importantes, e a vitória dele facilita a harmonia entre o Legislativo e o Executivo para que possamos buscar melhorias para nosso Ceará, que tanto precisa do Governo Federal”,disse.
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Ações voltadas à pandemia
De oposição a Lira, o deputado federal José Airton Cirilo (PT) disse ser “imprescindível”, tanto a nível regional quanto nacional, discutir a crise sanitária e econômica no Brasil. “Precisamos exigir que o Executivo e nós, do parlamento, possamos prorrogar o auxílio, é uma questão humanitária, de sobrevivência das pessoas que estão passando privações”, defendeu.
“Temos que exigir também a questão de medidas, para enfrentar a pandemia, do governo federal, a vacinação”, ressaltou.
“A agenda principal do País é se reencontrar administrativamente, resolver a questão da vacina. Acho que o Lira foi muito feliz em citar em seu discurso essas questões. E, na economia, a volta do auxílio emergencial ou o fortalecimento de um programa de distribuição de renda”, disse Danilo Forte (PSDB), que não revelou o voto na Câmara.
Heitor Freire (PSL) defendeu debates semelhantes. “Espero que o Lira faça um bom mandato, pautando projetos para vencer a pandemia e recuperar nossa economia”, disse. Ele ainda destacou a urgência de se discutir as reformas.
“Aprovamos em 2019 a Nova Previdência, mas em 2020, por conta da pandemia, não tivemos como priorizar as reformas tributária e administrativa”, ressaltou o cearense, que votou Marcel van Hattem (Novo).
Assim como os aliados de de Lira, Freire também atribuiu à vitória do candidato do PP à articulação do parlamentar, mesmo reconhecendo o apoio do Executivo.
Por Igor Cavalcante/ Diário do Nordeste