Valor para obter o Lenacapavir é considerado “inviável” pelo Ministério da Saúde, pois custaria até R$ 271 mil para cada paciente – (crédito: Freepik)
Considerado uma das maiores descobertas científicas dos últimos anos, o Lenacapavir, medicamento injetável com eficácia de 95% na prevenção do vírus causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), deve ficar de fora da lista de remédios distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O preço é o principal fator da exclusão, pois os pesquisadores estimam que cada paciente poderia custar para os cofres públicos algo entre US$ 25.395 e 44.918 (cerca de R$ 153 mil e 271 mil).
Aplicado apenas duas vezes ao ano, o antiviral demonstrou uma eficácia de quase 100% — o que é considerado o melhor resultado já obtido para uma vacina na prevenção do vírus causador da doença. A Gilead Sciences, farmacêutica responsável pelo desenvolvimento, firmou acordos com seis laboratórios internacionais para que o medicamento seja disponibilizado de forma acessível em 120 países que estão no quadro de extrema pobreza.
Classificado como país de renda média, o Brasil foi excluído mesmo tendo participado dos estudos clínicos que comprovaram a eficácia do medicamento. O valor para obter o Lenacapavir é considerado “inviável” pelo Ministério da Saúde.
O novo remédio pertence a uma nova classe de antirretrovirais (inibidores de capsídeo) e bloqueia a estrutura fundamental para que o HIV se multiplique no organismo. Ele é administrado por injeção subcutânea a cada seis meses. Inicialmente, foi aprovado para pessoas com o vírus resistente a múltiplos medicamentos, mas os testes como profilaxia pré-exposição (PrEP), ou seja, prevenção, mostraram resultados muito eficazes
Para a infectologista Ana Beatrix Ferreira Caixeta, pesquisadora do Hospital de Clínica da Universidade Federal de Goiás (UFG), as duas injeções administradas apenas duas vezes por ano têm potencial para maior adesão por parte dos pacientes. ” “É muito necessário que o Lenacapavir esteja acessível a nível de saúde pública, não somente no Brasil, mas para o resto do mundo”, defende.
Fonte: Correio Brasiliense