Da Redação Portal Online Multimidia
A saúde pública de Itapiranga está ao centro de uma grave polêmica após uma mulher denunciar ter sido vítima de um erro médico no Hospital Regional Miguel Batista de Oliveira. Crislene Cunha da Silva, de 29 anos, relata que uma gaze hospitalar foi esquecida dentro de seu corpo após o parto, realizado no dia 27 de outubro. Segundo ela, resultou em fortes dores, febre e abalo psicológico.

A bebê nasceu por volta das 14h27 do dia 27, e Crislene recebeu os procedimentos de rotina pós-parto, incluindo pontos na região íntima. No dia seguinte, 28, ela recebeu alta. Contudo, já em casa, as dores se intensificaram a ponto de impedi-la de sentar e realizar necessidades básicas.
Ao tentar ir ao banheiro, a paciente afirma ter retirado por conta própria uma gaze usada durante o procedimento, fato que a deixou em choque. Imediatamente, ela retornou ao hospital.

Segundo Crislene, ao chegar à unidade relatando o ocorrido, recebeu apenas atendimento de um enfermeiro, nenhum médico avaliou a situação e foi liberada em seguida.
Com o agravamento dos sintomas, retornou ao hospital no dia 9 de novembro, onde permaneceu internada por três dias com febre alta, batimentos irregulares e forte abalo emocional.

Agora, a paciente afirma enfrentar um novo obstáculo: o hospital estaria se recusando a entregar seu prontuário médico, documento essencial para qualquer investigação ou ação judicial. De acordo com ela, o diretor da unidade estariam “fazendo vista grossa” ao pedido.
Crislene declarou que irá processar o hospital pelo descaso.

Como deveria ser o procedimento e por que o erro é considerado grave
Em cirurgias e procedimentos obstétricos, é obrigatório que a equipe médica siga protocolos rígidos de contagem de instrumentos e materiais incluindo compressas, gazes e pinças antes, durante e após o procedimento.
Esses protocolos são conhecidos como checklist cirúrgico, recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A contagem deve ser confirmada pela equipe de enfermagem e pelo médico responsável.
Quando uma gaze ou qualquer corpo estranho é deixado dentro do paciente, configura-se um erro grosseiro, totalmente evitável e que coloca a vida do paciente em risco, podendo causar infecções graves, hemorragias e até septicemia.
Profissionais devem redobrar a atenção especialmente em procedimentos como parto normal com episotomia (corte) ou sutura, onde o uso de compressas internas é comum.
Direito ao prontuário e base legal para processar o hospital
O artigo 88 do Código de Ética Médica e a Resolução CFM nº 1.638/2002 determinam que o prontuário deve ser fornecido ao paciente ou representante legal sempre que solicitado.
A recusa em entregar o documento é irregular e pode configurar violação de direito.


