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Acidente com equipe de remo de adolescentes de Pelotas

Um acidente envolvendo três veículos deixou nove mortos e dois feridos na BR-376, em Guaratuba, no Paraná, na noite de domingo, 20. Entre as vítimas, estão atletas adolescentes do Projeto Remar para o Futuro, que voltavam de uma competição em São Paulo. Também perderam a vida o treinador da equipe e o motorista da van. Eles tinham entre 15 e 52 anos.

A Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte, na segunda-feira, 21, das urnas funerárias das vítimas do acidente. A aeronave decolou do Aeroporto Internacional de Curitiba rumo ao Aeroporto de Pelotas, no Rio Grande do Sul, de onde era o grupo.

Onde e quando aconteceu o acidente?

O acidente aconteceu na noite de domingo, na BR-376, em Guaratuba. A colisão, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná, foi registrada por volta das 21h40, no sentido sul, no km 665.

 

O veículo saiu de São Paulo com destino a Pelotas, no Rio Grande do Sul, em viagem fretada com equipe de atletas adolescentes de remo.

Como aconteceu e quantos veículos estavam envolvidos?

Conforme a PRF, a carreta, dirigida por um homem de 30 anos, que se feriu levemente, teria perdido os freios, colidindo na traseira da van. O veículo foi projetado à frente, batendo na traseira do automóvel conduzido por um homem, que estava sozinho e não se feriu.

Em seguida, no entanto, a van rodou e a carreta a arrastou para fora da pista, tombando sobre o veículo que levava os atletas.

Quem são as vítimas?

colisão provocou a morte do treinador da equipe, do motorista da van e de sete atletas. Na segunda-feira, a prefeitura de Pelotas decretou luto oficial de sete dias.

  • Samuel Benites Lopes, 15 anos
  • Henri Fontoura Guimarães, 15 anos
  • João Pedro Kerchiner, 17 anos
  • Helen Belony, 20 anos
  • Nicole da Cruz, 15 anos
  • Angel Souto Vidal, 16 anos
  • Vitor Fernandes Camargo, 17 anos
  • Oguener Tissot (coordenador da equipe), 43 anos
  • Ricardo Leal da Cunha (motorista da van), 52 anos

Há sobreviventes?

O veículo de passeio estava com um ocupante, que não se feriu. Na van, eram dez pessoas (só o adolescente João Pedro Milgarejo, de 17 anos, sobreviveu). Na carreta, estava apenas o motorista, que teve ferimentos leves.

Após o acidente, o adolescente resgatado com vida e o motorista da carreta foram encaminhados para o Hospital São José, em Joinville, Santa Catarina. Ambos receberam alta médica.

João Pedro Milgarejo, de 17 anos, sobreviveu ao acidente da equipe do remo com a van. Ele teve apenas ferimentos leves
João Pedro Milgarejo, de 17 anos, sobreviveu ao acidente da equipe do remo com a van. Ele teve apenas ferimentos leves Foto: Projeto Remar para o Futuro/Divulgação

Milgarejo participou da conquista da medalha de ouro no four skiff masculino, no sábado, 19, com os companheiros Samuel Benites, Henry Fontoura e João Kerchiner, mortos no acidente, como outros quatro atletas.

A mãe do jovem, a técnica de enfermagem Gabriele Nolasco, viajou na segunda-feira, de Pelotas para Joinville, em busca do filho. Segundo ela, ele teve ferimentos em um olho e nas pernas.

Ela conseguiu falar com o rapaz três horas após o acidente e recebeu a informação de que ele havia sido encaminhado para o hospital, mas estava bem. No momento em que falou com a mãe, o adolescente ainda não sabia da morte de todos os colegas.

 

Equipe de medalhistas

Ainda no domingo, a equipe fez uma publicação, por meio da academia de remo Tissot, falando sobre a participação no Campeonato Brasileiro Unificado, disputado na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP). Foram sete medalhas conquistadas na competição por equipes e o 6° lugar na classificação geral.

“Mais de 30 clubes de todos Brasil participaram da competição mais importante da temporada, e mesmo com uma das menores equipes, oito atletas, conquistamos o 6° lugar na classificação geral. A gratidão é imensa a todos que fazem parte da nossa família e contribuem nesse processo duro, que não medem esforços para vencer as adversidades para fazer esporte de base no nosso projeto.”

Davi Perleberg Rubira, de 20 anos, ex-remador competitivo, é participante do projeto há quatro anos e membro da equipe técnica do Projeto Remar para o Futuro.

Ele esteve em São Paulo, ao mesmo tempo que as vítimas da tragédia, para outro evento. “Havia a possibilidade de voltar com eles de van, pois eu estava em São Paulo para um evento acadêmico”, contou ao Estadão o jovem, ainda abalado pela notícia.

O que diz a investigação?

O motorista da carreta que provocou o acidente, segundo a polícia, deve ser indiciado por homicídio culposo (não intencional), informou a Polícia Civil do Paraná. O motorista, de 30 anos, chegou a ser internado, mas recebeu alta ainda na manhã de segunda-feira e era aguardado para prestar depoimento à Polícia Civil.

As autoridades não confirmaram se ele compareceu para prestar esclarecimentos. A reportagem ainda tenta contato com a defesa do motorista.

O delegado Edgar Santana, da Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba, falou sobre a dinâmica do acidente. “As informações preliminares apontam que três veículos estavam envolvidos: um caminhão teria colidido no fundo de uma van e a van teria colidido no fundo de um veículo de passeio. Na sequência, houve o capotamento da van, o caminhão teria passado por cima da van e as vítimas terminaram indo a óbito no local”, afirmou.

Polícia Civil, nos próximos dias, vai realizar a oitiva do sobrevivente. Em fase inicial das investigações, uma série de diligências serão realizadas nos próximos dias para que seja possível compreender a dinâmica do acidente.

 

O que é o Projeto Remar para o Futuro?

O projeto é uma parceria entre prefeitura de Pelotas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Clube Centro Português 1º de Dezembro, que ocorre desde 2015 no município. Até o ano passado, já havia emplacado 12 atletas nas categorias de base da seleção da modalidade.

“O projeto promove, ao longo do período, a fim de apresentá-lo a adolescentes de 13 a 15 anos de idade da rede municipal de ensino, palestras, mostra de materiais utilizados na prática do esporte e relatos de alunos participantes, com dois processos seletivos anuais, abrindo 15 vagas por semestre. Conta com equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais de nutrição, fisioterapia, odontologia e educação física”, afirma a prefeitura da cidade gaúcha.

 

 

*Fonte: O GLOBO