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Impeachment é um julgamento político”, diz Maia ao justificar não ter autorizado processo contra Bolsonaro

Despedindo-se da presidência da Câmara, cargo que ocupa desde o golpe parlamentar de 2016, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que não autorizou o andamento do processo de nenhum dos mais de 50 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro por não enxergar uma “caso gravíssimo” para o impedimento do presidente.

“De forma nenhuma iria usar o poder do impeachment se não fosse um caso gravíssimo, ainda mais no meio de uma quarentena”, disse Maia, que admitiu que o impeachment, como foi feito com a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), é um “julgamento político” ao ser indagado se seria a pandemia que impediu a instauração do processo contra Bolsonaro.

Eu acho que, com a crise que nós já temos, se a gente fosse entrar pra esse tipo de conflito… E o impeachment é um julgamento político. Não é um julgamento jurídico. Querendo ou não, é a realidade. Ele não pode ser um instrumento para estar na gaveta e ser utilizado em cada conflito do presidente da Câmara com o presidente do governo”, afirmou na entrevista a Andreza Matais, Felipe Frazão e Tânia Monteiro, na edição deste sábado (12) no Estadão.

Logo na sequência, ao comentar sua sucessão na câmara, Maia admite que Bolsonaro montou um “balcão” de negócios para compra de votos na tentativa de eleger seu candidato, o deputado Arthur Lira (PP-AL).

“Do ponto de vista do governo, dá impressão que eles acham que, criando um balcão, vão conseguir eleger o presidente da Câmara. Se essas práticas prevalecerem – e tenho certeza que não vão prevalecer –, você terá um governo pressionado e chantageado de forma permanente, por trocas”.

Ciro e PT
Na entrevista, Maia ainda se coloca à disposição para coordenar a articulação de um “governo que eu confie e participe do processo de construção” e diz que poderia juntar em uma frente contra Bolsonaro o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o apresentador da Globo, Luciano Huck, Ciro Gomes, o PSB e “até o PT”.

“Temos que juntar o Doria, o Huck, o Ciro Gomes, o PSB do Paulo Câmara, do Renato Casagrande. Todos os partidos queiram estar aqui nesse campo de centro. Até o PT”, diz Maia, ressaltando que a “agenda econômica” é o maior desafio para juntar esferas tão diversas da política.

Eu poderia coordenar essa articulação. O grande desafio desse campo de centro é o denominador da agenda econômica. Se a gente conseguir construir um denominador, a gente consegue fazer uma candidatura de centro que eu acho que vai mudar o Brasil. Muita gente fala: “Eu sou de centro”. Centro não é um ponto entre o número 10 e o número 1. Não é um ponto entre a esquerda e a direita. É um ambiente diferente, onde você tenta trazer pra política uma nova composição, uma nova realidade, onde segmentos que conversam pouco tenham a capacidade de construir em conjunto esse país que a gente espera”, afirmou.

Informações: Revista Forum