A Polícia Federal (PF) efetuou a apreensão de quase R$ 100 mil em dinheiro durante as diligências da Operação Fames-19, que tem como foco as investigações sobre supostos desvios de recursos destinados à pandemia, através da distribuição de cestas básicas no estado do Tocantins. Na residência do principal alvo da ação, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), foram encontrados R$ 35,5 mil, U$ 1.100, e 80 euros. No gabinete do governador, foram apreendidos R$ 32,2 mil, além de diversos boletos de contas pagas em casas lotéricas, tanto em nome do governador quanto de terceiros.
Wanderlei emitiu uma nota afirmando que, durante o período sob investigação, ele ocupava o cargo de vice-governador e não era responsável por autorizar quaisquer despesas relacionadas ao programa de cestas básicas durante a pandemia. Ele ressaltou: “Como é de conhecimento de todos, a minha única menção em toda essa investigação se resume à minha participação em um consórcio informal de R$ 5.000,00 com outras 11 pessoas, sendo uma delas a única investigada”.
Outra pessoa alvo da operação, e que teve valores confiscados pela PF, foi João Coelho Neto, apontado como um “laranja” no esquema que envolvia a contratação de “empresas previamente selecionadas” que não estavam entregando todas as cestas básicas contratadas pelo Estado, mas recebiam o pagamento integral. Com João Coelho Neto, foram apreendidos R$ 24.365,00.
De acordo com a Polícia Federal, João Coelho Neto está envolvido em um processo penal por extorsão e ameaça, juntamente com o ex-policial Wolney Max de Souza, pai do assessor especial de Wanderlei, Warks Marcio Souza. Segundo o inquérito, a dupla teria ameaçado outro indivíduo envolvido no esquema em questão, devido a uma “disputa pelos contratos fraudulentos de fornecimento, dos quais seriam obtidas vantagens ilícitas”.
A autorização para a operação que culminou na apreensão dos valores foi concedida pelo ministro Mauro Campell, que assumirá a presidência do Superior Tribunal de Justiça no dia 22. A PF foi autorizada a vasculhar 42 endereços com o intuito de investigar desvios relacionados à distribuição de cestas básicas durante a pandemia. Além de Wanderlei, a família do governador também foi alvo da operação, incluindo a primeira-dama Karynne Sotero Campos e os filhos do casal, o deputado Leo Barbosa (Republicanos) e Rérison Antonio Castro Leite, diretor superintendente do Sebrae.
Outros alvos da operação incluem José Messias Alves de Araújo, ex-secretário estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social; Senivan Almeida de Arruda, ex-controlador-geral do Estado; Liel Bezerra Bekman Cardoso, esposa do deputado estadual Cleiton Cardoso de Almeida (Republicanos) e mãe do vereador Pedro Cardoso (Republicanos); e Joseph Ribamar Madeira, presidente da Associação Comercial de Palmas.